O "PERIGO AMARELO" NOS DIAS ATUAIS- Reflexões de uma nova geração- org. Hugo Katsuo e Edylene Severiano
Artigos e ensaios-relatos das experiências asiáticas amarelas no Brasil a partir do olhar de jovens pesquisadores e artistas, asiáticos-brasileiros.
O livro convoca, a partir de textos de pesquisadores, artistas dos mais variados campos e do próprio cineasta que o organiza, o leitor para pensar sobre a participação asiática na construção do país e no recente debate sobre raça.
Caroline Ricca Lee, artista, ativista e pesquisadore transdisciplinar, investiga o “Feminismo asiático no Brasil”, analisando como a ideia de raça amarela, gênero e a questão geracional dialogam na contemporaneidade. Henrique Yagui Takahashi, doutorando e pesquisador da diáspora asiática em contexto latino-americana, assina “Somos nós asiáticos brasileiro?”, analisando a ideologia de branqueamento da diáspora asiática no Brasil. Hugo Katsuo, cineasta, mestrando e pesquisador da corporeidade asiática amarela na cinematografia pornô, problematiza a questão amarela a partir de sua ausência no cinema brasileiro. Os coletivos de asiáticos amarelos surge no debate com texto assinado pela pesquisadora e ativista Julia Onishi. A professora e doutora Laura Ueno, apresenta um pouco de sua longa investigação acerca das relações inter-raciais íntimas afetivo-sexuais, assina o texto “Casamentos inter-raciais amarelos”. O debate acerca dos estereótipos é trazido por Maria Victória Ruy, pesquisadora e mestranda que tem se dedicado a olhar para a imigração chinesa no Brasil.
A segunda parte do livro traz debates em formas de ensaios-relatos de experiências de artistas asiáticos amarelos brasileiros, o que por si só já é um conjunto de resistência aos jogar luz a um grupo de pessoas para muitos inexistentes, por força dos estereótipos. O ativista Felipe Higa descortina de um jeito muito pessoal como “assistir Okama”, um documentário de 2015 que ganha novos contornos pelo olhar de quem assiste em 2022. Hugo Katsuo, na sua face de cineasta, traz um manifesto por um cinema amarelo brasileiro que tensiona o ser amarelo e o cinema no cinema. Da ausência marcada por Katsuo, Lian Tai, nos conta sua trajetória como presença incômoda, um ser “Jacaré, não!” ou “Olha a japonesa”, que não só apagam sua ascendência chinesa como também sua condição de sujeito no mundo. A consciência da racialidade também vem no relato de Monge Han, num relato “agridoce” dessa descoberta. Yuki Hayashi também nos traz sabores controversos para o senso comum, mas familiares às casas nipobrasileiras. “Niguiri com mortadela”, é um relato suave da descoberta de si pelo sabor compartilhado desde a infância.
O livro é um convite a participar do debate quanto à presença asiática amarela no Brasil, por meio do gostos, formas, afetos que reunidos são presença. Reserve um espaço para “O ‘Perigo amarelo” nos dias atuais” em sua estante.